Saúde Mental para Idosos: Como o SUS Pode Ajudar a Cuidar da Mente?

Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, os desafios da saúde mental para os idosos ganham cada vez mais relevância. Transtornos como depressão e ansiedade afetam a qualidade de vida de pessoas nessa faixa etária e, em muitos casos, não são tratados adequadamente.

Para enfrentar essa questão, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma ampla rede de serviços de saúde mental por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

Como idosos podem ter acesso a cuidados para saúde mental no SUS?

O primeiro passo para os idosos que buscam apoio psicológico pelo SUS é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Ali, o clínico geral pode avaliar o caso e encaminhar o paciente para atendimento psicológico ou psiquiátrico, dependendo da necessidade. Em casos mais graves, o paciente pode ser direcionado para um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

Mas é importante destacar que embora a estrutura seja acessível, existem desafios como a alta demanda e a carência de profissionais especializados, o que pode resultar em longos tempos de espera.

Como alternativa, o SUS também possibilita o acesso direto a algumas unidades do CAPS ou a serviços comunitários complementares, como Clínicas-Escola e ONGs que oferecem atendimento gratuito.

Como funciona a RAPS: entendendo os eixos principais

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é o principal pilar da política de saúde mental do SUS. Criada para substituir o modelo hospitalar por uma abordagem comunitária, a RAPS se organiza em seis eixos principais:

• Atenção Primária à Saúde: inclui UBS, consultórios de rua e centros de convivência e cultura.
• Atenção Especializada: realizada nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que atendem casos moderados e graves.
• Atenção às Urgências e Emergências: através do SAMU, UPAs e pronto-socorros.
• Atenção Residencial de Caráter Transitório: para acolhimento em unidades temporárias.
• Atenção Hospitalar: realizada em enfermarias de hospitais gerais.
• Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação: como Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) e o Programa de Volta para Casa (PVC).

Esses serviços têm como objetivo principal oferecer cuidados integrais e humanizados, promovendo a reintegração social dos pacientes e o respeito à sua autonomia.

Saúde mental na UBS

As Unidades Básicas de Saúde têm um papel fundamental no atendimento inicial. É por meio delas que os idosos têm o primeiro contato com o SUS para tratar questões relacionadas à saúde mental.

Embora nem todas as UBS contem com psicólogos, elas podem fazer o encaminhamento necessário para outras unidades da RAPS. Relatar os sintomas de forma detalhada ao clínico geral é essencial para garantir um direcionamento adequado.

Saúde mental no CAPS

Para casos moderados e graves, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) oferecem tratamento especializado e acompanhamento contínuo. Cada unidade conta com uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e terapeutas, entre outros profissionais.

As modalidades de CAPS variam conforme a gravidade e o tipo de transtorno. Por exemplo, os “CAPS III” oferecem acolhimento noturno, enquanto os “CAPS ad” são voltados ao tratamento de transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas.

As unidades CAPS têm se consolidado como espaços fundamentais para o tratamento humanizado e multidisciplinar de idosos e outras faixas etárias.

Clínicas-Escola e ONGs também são opções para atendimento psicológico gratuito

Além dos serviços do SUS, instituições como Clínicas-Escola e ONGs podem complementar o atendimento à saúde mental dos idosos.

Essas clínicas, ligadas a universidades, oferecem acompanhamento psicológico supervisionado por profissionais experientes e têm suas vagas abertas semestralmente.

Já as ONGs e coletivos comunitários são alternativas especialmente úteis para populações de baixa renda, promovendo o acesso a serviços psiquiátricos e psicológicos gratuitos.