Idosos em alerta com mudanças que podem cancelar o BPC a partir de 2025
Entenda as mudanças propostas pelo governo para o BPC que podem impactar milhares de idosos e pessoas com deficiência em 2025.
- Publicado: 11/12/2024
- Atualizado: 11/12/2024: 11 01
- Por: Felipe Matozo
O governo federal enviou ao Congresso Nacional uma série de mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), gerando preocupação entre especialistas, beneficiários e políticos.
As alterações, que fazem parte de um pacote de corte de gastos, endurecem as regras para acessar o benefício e podem excluir muitas pessoas.
Quais mudanças podem impactar o BPC em 2025?
Uma das alterações mais polêmicas diz respeito ao cálculo da renda familiar para acessar o benefício. Atualmente, apenas as rendas das pessoas que moram na mesma casa do beneficiário são consideradas.
No entanto, a proposta do governo inclui um novo grupo de familiares na conta, como pais, filhos ou irmãos que ajudam financeiramente o idoso ou a pessoa com deficiência, mesmo que não morem juntos.
Por exemplo, se um idoso recebe ajuda de um filho que mora em outro lugar e essa ajuda aumenta a renda per capita da família acima de 1/4 do salário-mínimo (R$ 353 em 2024), ele poderá perder o benefício. Esse valor é calculado dividindo o total da renda familiar pelo número de pessoas que dependem dela.
A única exceção é quando a ajuda financeira comprometeria o orçamento de quem ajuda, deixando a renda dessa pessoa menor do que um salário-mínimo por membro de sua própria família.
Além disso, as rendas de cônjuges ou companheiros que não moram com o beneficiário, mas mantém vínculo financeiro, também passariam a contar.
O governo também propôs usar a renda bruta familiar (ou seja, sem deduções) para a análise, o que pode excluir mais beneficiários.
Outras mudanças propostas para o BPC em 2025
Além das alterações no cálculo da renda familiar, o governo apresentou outras mudanças que podem tornar o acesso ao BPC mais difícil. Confira os principais pontos da proposta:
- Inclusão de mais pessoas na conta da renda familiar:
Passam a contar:- Rendas de cônjuges ou companheiros que não moram com o beneficiário. Isso inclui, por exemplo, um marido ou esposa que vive em outra casa, mas mantém vínculo financeiro.
- Rendas de filhos, enteados e irmãos que moram com o beneficiário, mesmo que esses familiares sejam casados.
- Exigência de atualização cadastral:
Quem estiver com o cadastro desatualizado há mais de 24 meses perderá o benefício até regularizar a situação. - Obrigatoriedade de CID (Código Internacional de Doenças):
Benefícios concedidos sem o registro de uma condição médica no cadastro precisarão ser revisados. - Renda de outros benefícios será incluída:
Se houver mais de um benefício na mesma família, como aposentadorias ou outros auxílios, a renda desses benefícios será considerada para avaliar se o BPC pode ser concedido. - Cadastro com biometria:
Beneficiários terão que realizar a biometria para acessar ou atualizar o benefício, como forma de aumentar o controle e evitar fraudes. - Sem deduções extras de renda:
O governo quer proibir deduções não previstas em lei no cálculo da renda familiar.
Essas mudanças endurecem o acesso ao BPC e têm como objetivo reduzir fraudes e direcionar os recursos para quem realmente precisa, segundo o governo.
Governo pode rever mudanças
Após críticas de diversas frentes, o Ministério da Fazenda indicou que pode fazer ajustes na proposta antes da votação no Congresso.
Segundo o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, a ideia é corrigir pontos que tenham gerado insatisfação, como o conceito de renda familiar ampliada, sem comprometer o impacto fiscal previsto pelo governo.
A bancada do próprio Partido dos Trabalhadores (PT), ao lado de outros parlamentares, levantou preocupações sobre os efeitos sociais das mudanças.
O diretório nacional do PT divulgou uma nota orientando seus congressistas a debaterem os impactos da proposta de forma aprofundada. O partido defende o combate a fraudes, mas quer evitar que beneficiários legítimos sejam excluídos.
Especialistas destacam que o endurecimento das regras pode criar barreiras excessivas para pessoas em situação de vulnerabilidade.
A inclusão de rendas de parentes que não moram com o beneficiário, por exemplo, é vista como especialmente problemática. Isso porque muitos idosos e pessoas com deficiência dependem de ajudas esporádicas de familiares que não possuem condição financeira estável.