‘Idosos podem pagar caro’: especialistas alertam para aumento do consignado do INSS
Crédito consignado INSS pode ter juros elevados. Saiba como isso afeta aposentados e prepare-se para o impacto!
- Publicado: 10/01/2025
- Atualizado: 10/01/2025: 07 17
- Por: Patrícia Fischer
O recente debate sobre o aumento do teto de juros do crédito consignado do INSS tem preocupado aposentados e pensionistas. Com a alta da taxa Selic e a retração de bancos em oferecer essa modalidade de empréstimo, há impactos diretos em quem depende do acesso facilitado ao crédito.
Especialistas alertam que a possível elevação dos juros pode tornar os empréstimos mais caros, afetando principalmente os idosos, que já comprometem parte considerável de sua renda mensal com essa modalidade.
Por que o aumento nos juros do consignado está sendo discutido?
Atualmente, o teto de juros dessa linha de crédito está fixado em 1,66% ao mês desde junho de 2024. Porém, a taxa Selic – considerada referência para os juros no mercado – já está em 12,25% ao ano. Essa diferença tem pressionado as instituições financeiras.
De acordo com analistas, a operação do consignado com o teto atual tornou-se insustentável para os bancos. Motivo disso é o baixo spread: a diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram dos clientes é de apenas 0,51%. Esse valor quase não cobre custos administrativos e riscos de inadimplência.
Como resultado, grandes instituições como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil já reduziram ou até suspenderam a oferta do produto, segundo representantes do setor. A situação levantou preocupações dentro do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que realiza uma reunião em 9 de janeiro de 2025 para discutir a alteração do teto.
O impacto para aposentados e pensionistas
O crédito consignado do INSS é amplamente utilizado pela população idosa por oferecer vantagens como juros reduzidos e descontos automáticos na folha de pagamento. Essa combinação tradicionalmente ajuda a evitar inadimplências.
No entanto, o possível aumento no limite de juros pode pesar no bolso de milhões de beneficiários. Hoje, aposentados podem comprometer até 45% de sua renda mensal com créditos consignados, dos quais:
- 35% são reservados para empréstimos pessoais;
- 5% para o uso de cartões de crédito;
- 5% para o chamado cartão benefício.
Com a alteração, os aposentados podem acabar pagando mais pelos contratos que já possuem ou enfrentar dificuldades adicionais para renegociar suas dívidas. Para muitos, o consignado é uma ferramenta essencial de acesso a recursos em momentos de necessidade.
Como essa mudança pode ser sentida na prática
Considere o seguinte exemplo hipotético: um aposentado que toma um empréstimo de R$ 10.000,00 no prazo máximo de sete anos e juros próximos ao teto atual pagaria cerca de R$ 12.780,00 no total. Com um ajuste no teto para algo como 2% ao mês, o montante final passaria de R$ 15.000,00.
Essa diferença no custo pode parecer pequena em números absolutos, mas para quem vive com uma renda limitada, qualquer acréscimo nas despesas compromete o orçamento doméstico. Não é por acaso que movimentos de proteção ao consumidor alertam para os riscos de endividamento crescente.
Próximos passos e o que esperar
A decisão que será tomada pelo CNPS deve refletir as pressões de diversos lados: os bancos pedem maior margem de lucro, enquanto representantes da sociedade civil pedem condições justas para os beneficiários do INSS. Tudo isso ocorre em um cenário de juros elevados no Brasil.
Além disso, a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para os dias 28 e 29 de janeiro de 2025, pode trazer novidades na taxa Selic, o que influenciaria diretamente as negociações em torno do teto de juros do consignado.
Por isso, é essencial que aposentados avaliem seus compromissos financeiros com cautela e acompanhem as decisões anunciadas nas próximas semanas. Ah, e claro, revisitar contratos antigos pode ser uma saída para evitar surpresas desagradáveis no orçamento.