Acesso Prioritário à Justiça: Como Funciona e Como Exercer Esse Direito
Saiba como usufruir da tramitação prioritária em processos judiciais e administrativos garantida pelo Estatuto da Pessoa Idosa
- Publicado: 28/11/2024
- Atualizado: 28/11/2024: 12 45
- Por: Thayssen Carvalho
Previsto no Estatuto da Pessoa Idosa e em outras legislações, o acesso prioritário à justiça ainda é pouco conhecido no Brasil. O benefício busca atender às necessidades de um público em situação de vulnerabilidade de modo a promover igualdade e respeito aos princípios constitucionais.
Contudo, na prática, o exercício desse direito enfrenta desafios que exigem ação e conhecimento por parte dos cidadãos. A seguir, detalhamos como funciona e como exercer o direito.
O que é o acesso prioritário à justiça?
O direito de tramitação prioritária, ou acesso prioritário à justiça, como também é conhecido, pretende permitir que pessoas com 60 anos ou mais tenham seus processos judiciais e administrativos analisados de forma mais rápida.
Segundo o Estatuto da Pessoa Idosa, essa prerrogativa procura compensar as desvantagens impostas pela idade avançada, assegurando que o envelhecimento não se transforme em barreira ao acesso à justiça.
Uma alteração importante veio com a Lei 13.466/2017, que introduziu a chamada “prioridade da prioridade”. Ela beneficia idosos com 80 anos ou mais, que passam a ter preferência até mesmo sobre outros idosos.
O direito não se limita a processos judiciais e administrativos, mas também inclui atendimentos em áreas como saúde e serviços públicos.
Situações em que a prioridade acaba garantida para idosos
A prioridade do benefício vale para qualquer processo ou procedimento em que o idoso seja parte ou interessado.
Isso inclui ações judiciais, requerimentos administrativos (como aposentadorias e benefícios do INSS) e serviços prestados por empresas públicas e privadas.
Nos casos de doenças graves (como câncer, tuberculose ou cardiopatias), por exemplo, o tratamento prioritário pode acabar estendido, independentemente da idade.
No contexto da saúde, o Estatuto do Idoso prevê que pessoas com mais de 80 anos tenham preferência especial no agendamento de exames e atendimentos de urgência. O objetivo é garantir que as demandas mais sensíveis sejam solucionadas com agilidade.
Como solicitar o acesso prioritário à justiça?
Para que a tramitação prioritária seja efetivada de fato, é essencial que o idoso ou seu representante formalize o pedido junto ao processo, ou procedimento.
A solicitação deve estar acompanhada de um documento que comprove a idade, como RG ou certidão de nascimento. Nos casos de prioridade especial (para maiores de 80 anos), o requerimento precisa ser explícito.
É importante que advogados ou representantes legais insiram o pedido de prioridade já na petição inicial do processo. Esse cuidado pode facilitar o cumprimento das regras pelos órgãos responsáveis, tornando o trâmite mais célere.
Desafios e soluções
Por fim, vale saber que apesar das previsões legais, a realidade muitas vezes não corresponde às expectativas.
No âmbito administrativo, como nos processos do INSS, há relatos de atrasos que chegam a meses ou até anos, mesmo em casos prioritários.
Nesses casos, é possível recorrer a um mandado de segurança, que funciona como um instrumento jurídico para garantir o cumprimento do direito à tramitação prioritária.
A criação de varas especializadas para idosos e a ampliação de serviços de assistência jurídica gratuita, por outro lado, acabam como soluções apontadas para superar os obstáculos.